“Semear é ter contato” - Trajetórias de mulheres negras quilombolas

Autores

  • Renata Beatriz Rodrigues da Costa PGCS - UFES

Resumo

Este trabalho é resultado de um percurso vivido com mulheres negras, de Linharinho: comunidade quilombola localizada na região norte do Espírito Santo, no município de Conceição da Barra. Meu objetivo é descrever a agência de mulheres negras por meio do projeto de construção de um terreiro de Umbanda na localidade. Com elas, teci vínculos na condição de pesquisadora e de tipo espiritual em virtude disso, esta etnografia terá um caráter descritivo acentuado. Nela pretendo analisar como os próprios sujeitos criam e negociam categorias que informam os mundos sociais nos quais transitam. A memória social revela-se como elemento de análise que possibilita detalhar alguns projetos e pontos de vista dessas mulheres, sendo assim é um dos objetivos descrever com minúcia a linguagem empregada nos discursos locais para tratar a religiosidade de matriz afro-brasileira, pois ao focalizar a semântica e o vocabulário utilizado, busco interpretar as diferentes leituras da realidade que vicejam nos discursos das interlocutoras. Também é objetivo tecer análises a respeito dos objetos de memória do assentamento de Santa Bárbara, seus diferentes usos e a relação estabelecida entre eles e as zeladoras. Nesse ínterim, o projeto de construção de um terreiro de Umbanda por uma dessas mulheres revela um modo sui generis de construir um lugar para si em meio a lutas classificatórias, que incluem a confecção da narrativa do primeiro RTDI (Relatório técnico de identificação) da comunidade feito pelo INCRA (Instituto Nacional para a Reforma Agrária) e diferentes narrativas e entendimentos do que é ser “parte” da comunidade.

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Edição

Seção

Estudos socioambientais, culturas e identidades