Disparidades do crescimento global: avanços econômicos e atrasos sociais

Autores

  • Priscila Santos Araujo Instituto de Economia - Universidade Federal de Uberlândia
  • Niemeyer Almeida Filho Professor Associado do Instituto de Economia – UFU.

DOI:

https://doi.org/10.22422/2238-1856.2012v12n23p13-43

Resumo

A Crise do Subprime em 2007-2008 e os seus desdobramentos desde então para as economias nacionais e o mercado internacional vêm permitindo uma nova abordagem a respeito da estrutura do capitalismo global. A abordagem consiste em discutir se alguns países em desenvolvimento, especialmente os BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China – estariam “se descolando” do dinamismo dos países desenvolvidos. Essas proposições caminham no sentido da defesa do desenvolvimento capitalista como um processo aberto ao conjunto dos países do mundo. No entanto, conforme Marini (2000), Arrighi (1995, 1996) e de Dos Santos (2004), que entendem que a economia global é estruturalmente hierarquizada, o desenvolvimento de países periféricos ou em desenvolvimento é marcado, sobretudo, pelas determinações estruturais de dependência. Existe uma relação histórica orgânica entre países subdesenvolvidos e desenvolvidos, que tende a se reproduzir a menos que ocorram alterações estruturais no comércio e na inserção internacional de todos os países. Na ausência dessas alterações, as eventuais mudanças nas participações relativas dos países no comércio, produção e fluxos financeiros globais seriam circunstanciais, sem potencial de aproximar das condições econômicas e sociais das diversas economias em um nível comum. Assim, pretendemos indicar neste artigo a existência de uma disparidade entre o crescimento econômico das economias em desenvolvimento e a manutenção de suas condições sociais precárias, acompanhadas pela menor participação relativa dos gastos do Estado para combater essas condições, que não são compatíveis com a defesa de uma mudança estrutural do desenvolvimento das economias em desenvolvimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Priscila Santos Araujo, Instituto de Economia - Universidade Federal de Uberlândia

Graduada em Ciências Econômicas pela UFES, Mestrado em Economia pela UFU, Doutoranda em Economia pela UFU, professora do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) e membro do grupo de estudos "Estudos do Desenvolvimento Dependente".

Niemeyer Almeida Filho, Professor Associado do Instituto de Economia – UFU.

Professor Associando do Instituto de Economia – UFU, Pós-doutorado pela FEA-USP - Departamento de Economia, Doutorado em Teoria Econômica pela UNICAMP, Consultor da CAPES e do INEP, Líder do grupo de pesquisa Desenvolvimento e Políticas Públicas do CNPq, Membro da Rede de professores de Desenvolvimento Econômico do IPEA, Bolsista do programa Cátedras do Desenvolvimento do IPEA.

Referências

ALMEIDA FILHO, N. (2005). O debate atual sobre a dependência. Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, Rio de Janeiro, v. 16, p. 32-50.
ALMEIDA FILHO, N. (2010). Os países em desenvolvimento estão se tornando desenvolvidos? In: III Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira (AKB), 2010, São Paulo.
ALMEIDA FILHO, N. ; PAULANI, Leda Maria . Regulação Social e Acumulação por Espoliação - reflexão sobre as teses da financeirização e a caracterização do capitalismo contemporâneo. In: Anais do XIV Encontro Nacional de Economia Política, 2009. v. 1. p. 1-22.
ANDERSON, J (2009). The Real Decoupling. UBS Emerging Economic Perspectives, Ago. 2009. Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/17389986/2092549030/name/UBS-The+real+decoupling.pdf.
ARRIGHI, G. (1995). A desigualdade mundial na distribuição de renda e o futuro do socialismo. In: SADER, E., org. O mundo depois da queda. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 199O Longo Século XX. Editora UNESP, São Paulo.
ARRIGHI, G. (1996). A Ilusão do Desenvolvimento. Petrópolis, RJ: Vozes.
BALAKRISHNAN , R.; DANNINGER , S.; ELEKDAG , S.; TYTELL, I. (2009) The transmission of financial stress from advanced to emerging economies. IMF Working Paper, Jun. de 2009. Disponível em: <http://www.imf.org/external/pubs/ft/wp/2009/wp09133.pdf>.
BARAN, P.A. (1952) “On the Political Economy of Backwardness”. In JAMESON, K.P. e WILBER, C.K. (eds.) (1996) The Political Economy of Development and Underdevelopment. 6a edição; New York: McGraw-Hill, pp 93-105.
BRAHMBHATT , M.; PEREIRA DA SILVA, L. (2009). The global financial crisis: comparisons with the Great Depression and scenarios for recovery. PREM Notes, The World Bank, n. 141, Aug. Available at: http://www1.worldbank.org/prem/PREMNotes/premnote141.pdf .
CANUTO, O. (2009) Decoupling, reverse coupling and all that jazz. Originally published at: http://blogs.worldbank.org/growth/team/ocanuto
CANUTO, O. (2010) Recoupling or Switchover: Developing countries in the global economy. Washington: Banco Mundial. Disponível em http://go.worldbank.org/2U94VVZFN0
DOS SANTOS, T. (1970) “Structures of Dependence”. The American Economic Review, New York, pp 231-236.
DOS SANTOS, T. (2000) A Teoria da Dependência – Balanço e Perspectivas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
DOS SANTOS, T. (2004) Economía Mundial La Integración Latinoamerica. 1. ed. México: Plaza Janés, v. 1. 314 p.
EL-ERIAN, M (2009). A new normal. Secular Outlook, PIMCO, Mai 2009. Disponível em: <http://www.pimco.com/LeftNav/PIMCO+Spotlight/2009/Secular+Outlook+May+2009+El-Erian.htm>.
FRANK, A.G. (1977) “Dependence is dead, long live dependence and the class struggle”. World Development, vol.5 (4), April.
FRANK, A.G. (1967) Capitalism and Underdevelopment in Latin America. Monthly Review Press.
FURTADO, C. (1980) O mito do desenvolvimento econômico. São Paulo: Círculo do Livro.
GARLIPP, J. R. D. ; BARUCO, Grasiela Cristina da Cunha . Neoliberalismo, Consenso e Pós-Consenso de Washington: a primazia da estabilidade monetária. In: Santiago. Anais da VI International Finance Conference, 2006. v. 1. p. 1-21.
HARVEY, D. ([1982] 2006). Limits to Capital. London, Verso.
HARVEY, D. (2004). O Novo Imperialismo. São Paulo, Edições Loyola.
IMF, International Monetary Fund. Disponível em: http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2010/02/weodata/index.aspx.
MARINI, R.M. (1973 [2000]) Dialética da Dependência. Petrópolis, RJ: Vozes.
MARTINS, Carlos Eduardo (2003). Globalização, dependência e neoliberalismo na América Latina. Tese de doutorado apresentada ao Departamento de Sociologia (USP).
MORENO-DODSON, Blanca & BAYRAKTAR, Nihal (2011). How Public Spending Can Help You Grow: An Empirical Analysis for Developing Countries. The World Bank Economic Primise, nº 48, Fev. 2011.
OLIVEIRA, F. (1981) Economia Brasileira: Crítica à Razão Dualista. 4ª. Edição. Petrópolis, RJ: Vozes.
ONU. United Nations. Disponível em: http://www.un.org/en/
PNUD – Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento. Disponível em: http://www.pnud.org.br.
PRADO JR. C. (1966) A Revolução Brasileira. São Paulo: Brasiliense.
REVENGA, A. & SAAVEDRA-CHANDUVI, J. (2010) Poverty, Equity, and Jobs. In CANUTO, O. e GIUGALE, M. (editors) The day after tomorrow: a handbook on the future of economic policy in the developing world. Washington: World Bank, pp 253-274.
RODRIK, D (2009). Growth after crisis. Presentation at the conference on Financial Crisis and its Impact on Developing Countries Growth Strategies and Prospects. Cambridge, Abr. 2009. Disponível em: <http://www.growthcommission.org/index.php?option=com_content&task=view&id=108&Ite mid=201>.
WALLERSTEIN, I. (1974) The Modern World-System, vol. I: Capitalist Agriculture and the Origins of the European World-Economy in the Sixteenth Century. New York/London: Academic Press.

Downloads

Publicado

27-08-2012

Como Citar

Araujo, P. S., & Filho, N. A. (2012). Disparidades do crescimento global: avanços econômicos e atrasos sociais. Temporalis, 12(23), 13–43. https://doi.org/10.22422/2238-1856.2012v12n23p13-43

Edição

Seção

Seção Temática